O RASTREIO INDIVIDUAL DE ANIMAIS, FALA MAIS DAS MATRIZES DO QUE DO PRÓPRIO ANIMAL.
- siegmarschuenke
- 7 de mar. de 2023
- 3 min de leitura

O modelo atual de controle de produção suína utiliza um conceito de gerenciamento de lotes, onde os animais perdem a sua correlação do nascimento e a única informação que se tem para análise do parto e das respectivas matrizes, é quantos animais nasceram e como nasceram.
O que ocorre depois com estes animais é reportado coletivamente, sem associação do parto de origem, eventualmente alguns produtores mais cuidadosos conseguem reportar ocorrências de perdas e anomalias associadas ao parto durante a amamentação, entretanto remanejamentos por ama de leite ou outros motivos dificultam em muito este processo sem uma identificação individual do animal.

No processo por lotes, os animais de UPL são misturados para embarque e divididos somente por sexo, já na etapa de creche os animais são agrupados por tamanho semelhante para evitar conflitos, assim perde-se qualquer referencia entre cada individuo e sua origem genética. No final do processo, somente é possível somar a quantidade de animais por sexo, calcular o peso total e ter a média do peso do lote e dias de vida, sem saber os dias de vida dos desclassificados.
Eu gosto de perguntar o que é melhor, nascerem 14 filhotes ou 12 filhotes, a resposta que costumo ouvir é “achamos que é 14”.
Má será que é mesmo; pois somente é possível enxergar a própria UPL, já olhando o ciclo todo temos 20% de perdas de conversão, anomalias e doenças, perdas que certamente não são homogêneas entre todos os partos.

Então, quando temos a informação até o final do processo, podemos de fato afirmar que o parto de 14 é melhor se os 14 chegarem ao final, ou se os dois partos chegaram com 12 animais, o custo menor é o de 12 visto que o de 14 agregou um custo ao processo de 2 animais que foram desclassificados, corrompendo assim a margem deste parto.
Este contexto tem um peso enorme no processo, principalmente em tempos de margens apertadas e preocupações de ESG, diria que cada vez mais isto deixa de ser uma oportunidade e passa a ser uma responsabilidade das organizações em otimizar e monetizar de forma responsável todo o processo.
Olhando a exemplo para um sistema integrado que tem 25.000 matrizes, se somente em 20% das matrizes for possível estender 1 ciclo de parto, por conta da análise mais refinada do resultado de partos anteriores, teríamos 2.082 matrizes entrantes a menos no ano para ter o mesmo resultado.
Esta mesma análise vai servir também para encontrar as matrizes que apresentam bom numero de parto, porem com alto nível de desclassificação de animais no processo, esta visão é muito importante pois o indicador de perda representa um animal que já consumiu ração, espaço, manejo, etc.
Qual seria o Pareto aqui? 30% das Matrizes representam, 70% das perdas de conversão e anomalias!!! Ou é diferente? Como é ruim não saber, não é mesmo.
Vamos considerar em outro exemplo que eventos de conversão alimentar e anomalias representam somente 10% das perdas no ciclo todo, onde com a melhoraria do plantel de matrizes se tenha um impacto de tenha 20% na redução destas perdas, isto significa que em um plantel de 25.000 matrizes, teremos algo em torno de 14.000 animais ao ano que não se perderiam no ciclo, aumentando a receita do ciclo de produção em mais de 10 milhões, em animais que estariam consumindo recursos até serem desclassificados.

Talvez o grande desafio deste processo seja integrar o ciclo como um todo. Em muitos sistemas integrados as fronteiras são grandes, a responsabilidade se divide junto com a fatura de serviço prestado até aquela etapa, porém cada vez mais percebemos a interdependências do ciclo e quando cada um olha somente seu quadrado todos perde uma parte da sua margem.
Fazer mais com menos, este sempre foi o grande desafio de todos os segmentos, desde a era industrial com suas revoluções, até chegarmos no atual Agro 5.0. Então, se queremos um suíno 5.0, um suíno de precisão, então precisamos dar o primeiro passo que é a informação detalhada do processo.
Este movimento faz bem ao bolso e faz bem ao meio ambiente.
O que vc pensa a respeito ?
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